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Rio de Janeiro - Brasil
Tristeza
PM de folga mata homem em frente à rodoviária de Niterói
A viúva de Yago Macedo, 21, morto por um policial militar na estação de balsas em Niterói no final da manhã desta segunda-feira, prestou depoimento na Delegacia de Homicídios de Niterói, São Gonçalo e Itaboraí (DHNSGI), que está investigando o caso. Taís Conceição de Oliveira Santos foi ouvida na companhia do filho, enteado de Yago, que estava com o rapaz no momento em que foi baleado. A família afirma que Yago era vendedor de doces e trabalhava lá.
“Ele simplesmente foi trabalhar, como fazia todos os dias. Ele tinha uma caixa de balas na mão. Ele não sabia que oferecer doces era um crime nos dias de hoje. Estamos apenas trabalhando. Se o ser humano não quer doce, simplesmente não compre. Um homem sacando uma arma e tirando desnecessariamente a vida de um homem de família? Em que mundo estamos vivendo? – disse Taís, muito emocionada, ao sair da delegacia por volta das 16h.
O sargento afirma que abriu fogo para evitar uma tentativa de assalto. Segundo a Polícia Militar, o agente presta depoimento na Delegacia de Homicídios de Niterói sobre o caso com outro homem que seria vítima do roubo.
“Os militares tentaram intervir na ação e um dos envolvidos teria investido contra sua integridade, sendo atingido por arma de fogo. A 4ª Delegacia de Polícia Judiciária Militar (DPJM) já foi acionada e está acompanhando o caso”, informou a corporação em nota.
Enquanto a mulher desabafava, outros amigos e parentes de Yago que a acompanhavam mostraram a embalagem de doces que o menino estava segurando quando foi morto. Os vendedores até fizeram um protesto em frente aos barcos, que desde então se dissipou. Duas pessoas foram presas e levadas ao DHNSGI.
— Meu filho que estava com ele disse que a única coisa que Yago fez foi oferecer uma bala ao menino. A pessoa não quis e disse: “Tudo bem, não precisa comprar”. E o outro veio batendo em seu peito, atacando-o. Em nenhum momento meu marido reagiu ou subiu. Quando ele viu a arma, ele apenas perguntou: “Você vai atirar em mim por nada?”. E ele fez isso, deu um tiro no peito, para matar. No meio de muitas testemunhas”, disse Taís.
Ainda de acordo com a viúva, Yago saiu de casa com um objetivo especial nesta segunda-feira: conseguir um dinheiro extra para a filha do casal, que completa 2 anos no próximo final de semana. Com muito esforço, a família vinha preparando uma festa para a criança.
“É covardia. Ele só queria comprar as coisinhas para a filha e agora não vai voltar. Ele estava estendido no chão. Nossa menina vai fazer 2 anos sem pai — lamentou Taís, antes de continuar: — Só quero que a justiça seja feita. Que este homem seja punido, que seja preso, em vez de andar por aí como quando cheguei na delegacia.